Nunca vou me esquecer dos últimos anos. Eles foram repletos de conquistas, mas também de burnouts e de um constante sentimento de que não importa o quanto eu me esforce, parece que não chego a lugar nenhum. Sabe aquela sensação de andar em areia movediça?! Movimentos hercúleos para andar 3 centímetros? Foi assim que me senti por muito tempo.
Comentei tudo isso na última newsletter, mas demorei anos pra conseguir entender porque era tão difícil pra mim. Minha natureza é multidisciplinar e faz parte do meu processo criativo, mas isso não quer dizer que eu realmente precise fazer tudo em nível profissional. Eu até sabia disso, mas sabem quanto tempo demorou pra eu de fato absorver isso? Tempo demais.
Ai esse ano algo mudou. Cansei de me sentir cansada, sabe? rs Posso amar a cerâmica, a pintura, os bordados, a tattoo, mas eu estava deixando de sentir prazer em tudo isso por ser coisa demais. Também parei de sentir prazer em outras coisas na vida que não fosse trabalho. Parei de ver filmes, ler meus livros, querer conhecer novos lugares, etc. Ai minha terapeuta quis me receitar ansiolítico e eu percebi que a coisa já tava indo longe demais.
Mesmo que eu ame todas essas coisas, resolvi tomar medidas práticas para ter mais qualidade de vida e conseguir trabalhar menos (como uma pessoa com carga de trabalho normal rs) e assim poder ter mais hobbies.. ter a cerâmica e o bordado como passatempo, por exemplo. Voltar a ler e passear sem me sentir culpada ou cansada demais.
E ai entra o motivo mais importante pelo qual eu decidi tomar uma atitude: não consigo mais pintar. A última vez que peguei no pincel foi pra trabalhar nessa obra ai, que está no cavalete há 2 anos. Sim, DOIS anos, e eu não consigo terminar, pois estou muito cansada e com a cabeça cheia demais pra tomar decisões e terminar o quadro.
Pintura sempre foi meu amor maior e sei quero me dedicar a isso até o final da vida, mas sinceramente não tem sido minha prioridade, porque tem mil coisas que me atropelam todos os dias. Então tive que tomar uma decisão: dar um tempo da cerâmica.
Sei que vai de encontro com o que eu venho falando pra vocês – inclusive na última newsletter – e pra amigos, mas na verdade só eu sei das minhas necessidades hoje, e a cerâmica exige de mim algo que não posso dar agora. Uma produção constante e que demandaria muito tempo (interferindo na tattoo, que é basicamente o que me mantém hoje, e na pintura) seria necessária pra fazer sentido financeiramente, e simplesmente não vai rolar.
Então, lá no futuro, vai ser meu hobby. Vou frequentar algum ateliê e ser feliz em fazer peças pra mim. E com isso comprar minha paz e meu descanso. Inclusive estou até animada para produzir melhor quando eu estiver de novo fazendo cerâmica, pois não vou ter pressão de fazer em escala ou ter uma coleção que faça sentido com o meu trabalho ou algo do tipo. Vou fazer por paixão.
Eu sinto que fase mais turbulenta de mudanças está passando e que finalmente estou encontrando sentido nessas decisões. Quem sabe nas próximas news eu fale de coisas mais leves, mas eu acho interessante compartilhar essas coisas com vocês, pois sempre ouvi as pessoas falando de mim como a artista versátil como se fosse uma coisa boa, então trazer o outro lado dessa moeda pode tirar a pressão de que tudo é perfeito na vida dos outros.
Ah, e logo mais venho com novidades sobre agenda de tattoo! Yay!
Beijos
Brunna
Eu me sinto exatamente assim. Eu sou muito nessa mesma linha, amo fazer milhares de coisas e sempre trago isso para o lado profissional, aliás trato na terapia isso "como fazer algo sem transformar em trabalho?" não sei. Ainda não sei, mas ver você que é uma inspiração constante tendo esse mesmo pensamento é reconfortante. Alguém que admiro e tem sucesso passa pelo mesmo, então tá tudo bem eu o pequeno gafanhoto também passar! hahahahahah E é doido ver como a mente funciona, porque PRA MIM você saiu do lugar, você é sucesso, você é exemplo de onde eu quero chegar, mas nem sempre a SUA mente vê assim e que legal ver o carinho que você está tendo com você…